Foi numa quarta-feira de maio, aquelas típicas de São Paulo onde o clima não decide se quer chover ou assar todo mundo como frango na brasa. Eu estava afundado no sofá da sala, com meu notebook equilibrado precariamente nas pernas, fingindo trabalhar no relatório semestral que meu chefe, Sérgio (aquele com a calvície que ele tenta disfarçar com um penteado que parece um guarda-chuva fechado), vinha me cobrando há três semanas.
Na verdade, eu estava era procrastinando no grupo de WhatsApp dos amigos da faculdade, aquele que começou com 15 pessoas em 2009 e hoje só restam eu, Marcelo, Rogério e o Juninho, que ninguém tem coragem de remover porque ele passou por três divórcios em quatro anos e o grupo é literalmente a única interação social que o coitado tem.
Foi quando o Marcelo mandou uma mensagem: “Galera, descobri um site ANIMAL de apostas. Já ganhei R$670 jogando slots no MetBet. Sério, não é igual aquela vez do esquema de Bitcoin que o Juninho indicou.” (Importante contextualizar: o esquema de Bitcoin do Juninho nos fez perder, coletivamente, R$1.750 e uma amizade com o Eduardo, que saiu do grupo jurando vingança eterna.)
Normalmente, eu ignoraria. Afinal, o Marcelo é o mesmo cara que uma vez comprou 200 latinhas de atum porque “estavam em promoção”, mesmo sendo alérgico a frutos do mar. Mas algo naquele dia – talvez o tédio, talvez a perspectiva de fazer o relatório para o Sérgio, talvez o fato de que minha conta bancária estava pedindo socorro depois que comprei um “home theater” que minha esposa Denise classificou como “completamente desnecessário e absurdamente caro” – me fez clicar no link que ele mandou.
O site do MetBet carregou e, para minha surpresa, não parecia um daqueles sites duvidosos com anúncios piscantes de “mulheres solteiras na sua região”. Era limpo, organizado, profissional. Tinha aquela aparência de algo em que você não se importaria de colocar o número do seu cartão de crédito, diferente do site de apostas que meu cunhado André usa, que parece ter sido desenhado por um adolescente usando Microsoft Paint depois de 14 latas de energético.
Criei uma conta usando meu e-mail secundário (aquele que uso para cadastros que sei que vão me encher de spam) e depositei R$100 – quantia que mentalmente classifico como “dinheiro que posso perder sem ter que dormir no sofá quando Denise descobrir”. O processo foi tão rápido e simples que quase me senti desconfiado. Na minha experiência, quando algo online é fácil demais, geralmente termina com você tendo que ligar para o banco às 3h da manhã para contestar compras de eletrônicos na Romênia.
Comecei a explorar os jogos disponíveis. A variedade era impressionante – parecia o buffet daquele restaurante japonês caro onde só vou no aniversário da Denise, fingindo que não estou calculando mentalmente quanto cada pedaço de salmão está custando. Havia slots com temas de filmes, séries, mitologia, animais, e até um com tema de “contadores em férias” que achei estranhamente específico.
Escolhi um jogo com tema egípcio chamado “Fortuna do Faraó”, porque aparentemente todos os sites de apostas são obrigados por lei a ter pelo menos três jogos com temática do Antigo Egito. Nos primeiros 20 minutos, perdi R$35 e comecei a formular mentalmente a mensagem passivo-agressiva que mandaria ao Marcelo, algo como: “Valeu pela dica, amigão. Acho que minha técnica de apostas ainda precisa de aprimoramento. Ou talvez você tenha me indicado isso só para eu me ferrar também? :)”
Foi então que aconteceu. Três esfinges se alinharam, o jogo começou a piscar como uma árvore de Natal com curto-circuito, e uma música triunfante começou a tocar. Ganhei R$280 de uma vez! Meu grito foi tão alto que Denise entrou correndo na sala, achando que eu tinha me machucado. Quando expliquei o motivo da comemoração, ela só revirou os olhos e disse: “Por favor, me diga que você não está virando o Tio Geraldo.” (Contexto importante: Tio Geraldo é aquele parente que aparece em todos os churrascos de família, conta as mesmas histórias de quando ganhou “uma bolada” em Punta del Este em 1997, e sempre pede dinheiro emprestado no final da festa.)
Após minha primeira vitória, o MetBet se tornou meu segredo culposo noturno. Enquanto Denise assistia às reprises de novelas turcas na sala, eu estava no escritório “trabalhando no relatório do Sérgio”, que misteriosamente levou seis semanas para ser concluído (o recorde anterior era de três dias). Eis por que o MetBet me conquistou:
Era uma sexta-feira à noite. Denise tinha saído para o “happy hour das meninas do trabalho” (evento que misteriosamente sempre termina às 2h da manhã, com ela chegando de Uber cantando músicas do Abba). Eu tinha a casa só para mim, o que significava: pizza de pepperoni com borda recheada (que Denise diz que é “um ataque cardíaco em forma de círculo”), maratona de filmes de ação dos anos 80, e claro, algumas horinhas no MetBet.
Depois de assistir Stallone destruir metade da Ásia em Rambo II, decidi que era hora de algumas apostas. Estava com um pressentimento bom – daqueles que geralmente precedem decisões financeiras questionáveis na minha vida.
Entrei no MetBet e fui direto para um jogo novo chamado “Fortuna do Dragão” – porque aparentemente dragões são conhecidos por suas habilidades em gestão financeira. Depositei R$300 (o valor da parcela do seguro do carro que eu “esqueci” de pagar naquele mês) e comecei a jogar.
As primeiras 40 rodadas foram uma tristeza pura. Perdi R$220 tão rápido que nem tive tempo de sentir remorso. Estava prestes a desistir quando decidi fazer uma última aposta maior, de R$50. Foi quando tudo mudou. Acertei uma combinação especial que ativou o bônus do jogo – rodadas grátis com multiplicador progressivo. As rodadas foram se acumulando, o multiplicador subindo… 2x, 5x, 10x, 15x!
Quando as rodadas bônus terminaram, olhei para a tela em choque: +R$1.850 piscava em números grandes, quase zombando da minha descrença. Dei um grito que deve ter acordado até o vizinho Seu Pedro, de 97 anos, que é praticamente surdo desde 2015.
Eufórico, tirei uma print da tela e, num momento de pura empolgação e falta de bom senso, mandei para… o grupo errado de WhatsApp. Em vez de enviar para os amigos da faculdade, enviei para o grupo da família de Denise – aquele que tem os pais dela, os quatro irmãos, e até a Tia Marlene, que ninguém sabe exatamente como conseguiu um smartphone já que ela ainda liga para a companhia telefônica para “desligar a internet à noite para economizar”.
Demorei 7 segundos para perceber o erro, mas foram os 7 segundos mais longos da minha vida. Tentei apagar a mensagem, mas já era tarde demais. O primeiro a visualizar foi o pai de Denise, Seu Antônio, seguido quase instantaneamente pela mãe dela, Dona Lurdes. A notificação de digitação apareceu… meu coração parou.
Seu Antônio: “Caio, isso é jogo de azar? Você está apostando na internet? Que site é esse?”
Antes que eu pudesse formular uma resposta que não destruísse minha reputação já questionável na família (desde o incidente do Natal de 2019, quando sugeri que o peru da Dona Lurdes estava “um pouquinho seco demais”), meu celular tocou. Era Denise.
“VOCÊ ESTÁ APOSTANDO ONLINE??? E POR QUE DIABOS MANDOU ISSO NO GRUPO DA MINHA FAMÍLIA? MEU PAI ESTÁ TENDO UM ATAQUE! VOCÊ SABE QUE O TIO DELE PERDEU UMA FAZENDA INTEIRA EM MINAS POR CAUSA DE JOGO!!!”
As duas horas seguintes foram uma mistura de explicações, pedidos de desculpas, promessas de nunca mais apostar (cruzando os dedos mentalmente, claro), e um acordo solene de que parte do dinheiro seria usada para comprar um presente para os sogros (acabamos dando a eles um final de semana em um spa em Águas de Lindóia, o que, por coincidência, era exatamente o que eu queria dar para Denise no nosso aniversário de casamento – matei dois coelhos com uma cajadada só).
O restante do dinheiro foi igualmente dividido: metade para a nossa poupança (ideia da Denise) e metade para um novo sistema de som para a sala (minha ideia, fortemente contestada mas eventualmente aceita depois que prometi cozinhar por um mês, o que se revelou um erro trágico quando quase incendiei a cozinha tentando fazer risoto).
Se depois dessa história você ainda quer tentar a sorte no MetBet (e eu não julgo, os jogos são realmente viciantes), aqui vai um guia baseado nos meus erros para que você não termine tendo que comprar presentes caros para seus sogros:
Sim, Seu Antônio, o MetBet opera dentro da legislação vigente. É um site licenciado e regulamentado, não é como aquele “investimento” que seu primo Alfredo fez nos anos 90 que terminou com ele vendendo o Monza para pagar advogado. Os sites de apostas online estão em uma área cinzenta da legislação brasileira, mas não são ilegais para os jogadores. Dito isso, claro que você deve declarar seus ganhos no imposto de renda… o que eu, naturalmente, faço sempre. (Receita Federal, se vocês estão lendo isso, foi uma piada, já preenchi todas as minhas declarações corretamente, por favor não me auditem).
Os jogos do MetBet são desenvolvidos por empresas grandes e respeitadas do setor, com sistemas de Random Number Generator (ou como eu explico para pessoas menos técnicas: “computadores que jogam dados virtuais aleatoriamente”). Essas empresas são auditadas regularmente por órgãos independentes. E olha, eu sei que parece suspeito quando você perde cinco vezes seguidas, mas também parecia suspeito quando ganhei R$1.850 de uma vez. O sistema é aleatório de verdade, o que significa que às vezes você ganha, às vezes perde, e às vezes fica tão perto de ganhar que joga o celular na parede (caso em que você perde duas vezes: o dinheiro da aposta e o dinheiro do conserto do celular).
Não, mãe, obrigado pela preocupação. Tenho regras rígidas: nunca jogo com dinheiro que não posso perder, tenho limites de valores e tempo, e faço pausas regulares. Inclusive, depois do “Incidente do Print”, fiquei um mês sem acessar o site (parcialmente por escolha, parcialmente porque Denise instalou um aplicativo de controle parental no meu celular durante duas semanas). Jogo por entretenimento, da mesma forma que você gasta R$200 por mês em cartelas de bingo na igreja – sim, eu sei sobre isso, o Padre Marcelo me contou no último churrasco da paróquia.
Considerando tudo – ganhos, perdas, bônus, o spa dos sogros, a nova TV que comprei para “substituir a antiga que quebrou misteriosamente” (depois de um jogo particularmente frustrante do Flamengo) – estou positivo em aproximadamente R$2.300 após seis meses. Não é uma fortuna, não vou me aposentar, mas já paguei algumas contas, fiz uns agrados para a Denise, e comprei aquela churrasqueira elétrica que você ficou de olho no Natal passado. Por que a pergunta? Não, eu não vou te emprestar dinheiro para você “investir” no MetBet. Da última vez que te emprestei dinheiro, você voltou três dias depois pedindo mais porque tinha “uma estratégia infalível” para recuperar o que perdeu apostando no Internacional.
Sim, Patrícia, o MetBet funciona perfeitamente em dispositivos móveis. Na verdade, 80% das minhas apostas são feitas no celular – no ônibus voltando do trabalho, na fila do banco, ou naquelas intermináveis reuniões de departamento onde o Sérgio explica pela décima quinta vez o novo sistema de relatórios que ninguém vai usar. Só um conselho: não comemore vitórias no transporte público. Aprendi isso da maneira difícil quando ganhei R$470 no metrô às 18h20 e gritei “É ISSO AÍ, PAGUEI O CONSERTO DO CARRO!”. Recebi olhares que variavam de julgamento a preocupação genuína com minha saúde mental, e um senhor de terno mudou de vagão na próxima estação.