Tudo começou em uma terça-feira de maio. Não uma terça-feira qualquer, mas aquela específica em que meu chefe decidiu que meu relatório de vendas precisava ser refeito pela quarta vez porque “faltava energia nos gráficos” – o que diabos isso significa, afinal? Era 23h47, e eu estava em casa afundado no sofá, comendo o último pedaço de uma pizza de dois dias enquanto olhava para meu notebook e considerava seriamente mudar de carreira para qualquer profissão que não envolvesse Excel ou Paulo Anderson, meu gerente com complexo de Steve Jobs sem o talento.
Foi nesse momento de pura desolação profissional que recebi uma mensagem do Rodrigo, meu primo que sempre tem uma “oportunidade imperdível” para compartilhar. A última dele envolveu um investimento em uma fazenda de caracóis que, segundo ele, “revolucionaria a gastronomia brasileira”. Acabou com ele devendo R$7.400 e com 12 caixas de caracóis mortos no quintal da tia Márcia.
“Cara, descobri um site animal de apostas chamado Bet69. Já ganhei R$850 só hoje. Nada a ver com aquela parada dos caracóis, juro.”
Normalmente, eu ignoraria qualquer dica do Rodrigo, mas algo naquela noite – talvez o desespero, talvez o gráfico sem “energia”, talvez a pizza de calabresa ressecada – me fez clicar no link que ele enviou. Acessei o Bet69 esperando encontrar um site duvidoso cheio de pop-ups e mulheres de biquíni piscando. Para minha surpresa, a página que carregou era limpa, profissional e estranhamente confiável.
Criei uma conta usando meu e-mail secundário (aquele que uso exclusivamente para promoções de restaurantes e para me inscrever em sites que provavelmente vão me enviar spam até o fim dos tempos). Como um teste, decidi depositar R$100 – o valor exato que eu tinha separado para comprar um presente de aniversário para minha namorada Débora. “Posso sempre comprar algo mais barato,” pensei, em um momento de brilhante raciocínio que certamente não me causaria problemas depois.
Os primeiros 15 minutos foram um desastre. Entrei na seção de caça-níqueis e escolhi um jogo chamado “Fortune Tiger” porque, bem, quem não gostaria da sorte de um tigre? Perdi R$70 em tempo recorde. A cada giro, meu estômago se contraía mais, e comecei a calcular mentalmente quantos pacotes de miojo precisaria comer para compensar essa perda financeira.
Estava prestes a fechar a página e mandar uma mensagem para Rodrigo questionando sua amizade e sanidade mental quando decidi fazer uma última tentativa, desta vez em um jogo diferente chamado “Sweet Bonanza”. Fiz uma aposta de R$5 – um quinto do meu saldo restante – e o inesperado aconteceu: ganhei R$175 em uma única rodada.
Meu grito de comemoração foi tão alto que meu vizinho do 302, seu Antenor – aquele que reclama até do barulho da minha respiração – bateu na parede com o que presumo ser um cabo de vassoura. Não me importei. Naquele momento, eu era um gênio das apostas, um estrategista nato, o lobo do mercado de caça-níqueis.
O que começou como uma distração para evitar refazer gráficos “sem energia” rapidamente se transformou em uma paixão. Nos 21 dias seguintes, desenvolvi uma relação quase religiosa com o Bet69. O que me cativou não foi apenas a possibilidade de ganhos (embora, confessor, isso ajudou bastante), mas toda a experiência que o site oferecia:
Após três semanas de apostas quase religiosas, meu saldo no Bet69 havia crescido para impressionantes R$7.830. O valor era tão surreal que tirei um print da tela e enviei para Rodrigo com a legenda: “Quem é o rei dos caracóis agora?”. Ele respondeu com um emoji de dedo do meio seguido por “sorte de principiante”.
Com esse dinheiro, decidi fazer algo responsável: pagar a primeira mensalidade da faculdade do meu sobrinho Lucas, filho da minha irmã Renata, que havia passado em Medicina mas estava tendo dificuldades para arcar com os custos. O valor de R$4.700 cobriria perfeitamente a primeira parcela e ainda sobraria para continuar minhas apostas.
Quando contei a novidade para Renata pelo telefone, o silêncio do outro lado da linha foi tão longo que cheguei a verificar se a chamada havia caído.
“De onde veio esse dinheiro, André?” ela finalmente perguntou, com aquele tom de voz que só irmãs mais velhas conseguem empregar – uma mistura de suspeita, preocupação e julgamento pré-formado.
“Eu… fiz alguns investimentos online,” respondi vagamente.
“Que tipo de investimentos?”
“Do tipo… diversificado. Em diferentes setores da economia.”
Ela não engoliu a história, obviamente. Após um interrogatório digno da KGB, confessei sobre o Bet69. O que se seguiu foi um sermão de 27 minutos sobre jogo responsável, vício em apostas, e como nosso tio Geraldo perdeu uma padaria inteira em 1998 apostando em corridas de cavalos.
“Se a mamãe descobrir isso, vai te deserdar,” ela concluiu.
Mesmo assim, aceitou o dinheiro para a faculdade do Lucas. “Não é como se tivéssemos muitas opções,” ela suspirou, e pude sentir o peso da gratidão misturada com desaprovação – uma combinação que só famílias brasileiras conseguem equilibrar perfeitamente.
O verdadeiro problema surgiu quando Débora, minha namorada, descobriu sobre minhas novas “atividades noturnas”. Não por causa do dinheiro para meu sobrinho, mas porque o presente de aniversário que comprei para ela – um par de brincos de prata – foi claramente inferior ao Kindle Paperwhite que ela vinha dando indiretas que queria há meses.
“Você gastou dinheiro em apostas online em vez de comprar meu presente decente?” ela perguntou, segurando os brincos como se fossem evidência de um crime.
“Tecnicamente, eu ganhei dinheiro em apostas online,” corrigi, imediatamente percebendo meu erro tático. “E paguei a faculdade do Lucas,” acrescentei rapidamente, jogando a carta da caridade familiar.
Débora ficou em silêncio por exatos 12 segundos – contei porque o tempo parecia se arrastar enquanto esperava minha sentença.
“Mostra como funciona esse site,” ela finalmente disse.
Aquela noite terminou com Débora criando sua própria conta no Bet69 e ganhando R$320 em um caça-níquel de unicórnios que eu tinha declarado “muito fofo para dar sorte”. Ela comprou seu próprio Kindle no dia seguinte.
A história chegou ao clímax durante a ceia de Natal na casa da minha mãe. A família estava toda reunida: minha mãe Dona Helena, meu pai Seu Carlos, minha irmã Renata com o marido e o Lucas, meus tios, alguns primos, e Débora.
Tudo corria bem até que meu sobrinho, já no segundo copo de vinho (seu primeiro Natal “adulto” desde que completou 18 anos), decidiu agradecer publicamente:
“Quero fazer um brinde ao tio André, que pagou minha primeira mensalidade da faculdade! Se não fosse por ele e suas apostas no Bet69, eu talvez nem pudesse começar Medicina no próximo semestre!”
O silêncio que se seguiu foi tão denso que poderia ser cortado com a faca de peru que minha mãe segurava – e por um momento, temi que ela pudesse usá-la em mim em vez da ave.
“Apostas?” minha mãe repetiu, a palavra saindo como se tivesse gosto amargo.
O que se seguiu foi um caos familiar digno de um especial de Natal do Porta dos Fundos. Minha mãe começou a chorar, declarando que havia “criado um jogador compulsivo”. Meu pai alternava entre desapontamento e curiosidade mal disfarçada sobre como exatamente eu tinha ganhado tanto dinheiro. Tio Geraldo (sim, o da padaria perdida) começou a contar suas histórias de horror sobre apostas, cada uma mais dramática que a anterior.
No auge da confusão, minha prima Larissa, de 23 anos e sempre conectada, exclamou enquanto olhava para o celular: “Gente! A carne que a tia Helena encomendou para a ceia não vai chegar! A empresa acabou de mandar uma mensagem dizendo que o entregador sofreu um acidente!”
Outro silêncio, agora de desespero culinário, caiu sobre a sala. Uma ceia de Natal sem o tradicional pernil seria como um Carnaval sem samba.
Foi nesse momento que meu celular vibrou. Uma notificação do Bet69: eu havia ganho um bônus surpresa de Natal de R$500 em apostas grátis. Rápido como um raio, entrei no aplicativo e coloquei tudo em uma única aposta em um jogo que sempre me deu sorte.
Quinze minutos depois, enquanto a família ainda debatia soluções para o desastre da carne (incluindo a sugestão desesperada do meu cunhado de “fazer miojo para todo mundo”), meu celular vibrou novamente. R$2.750 ganhos em uma única rodada no “Christmas Carol Megaways”.
“Pessoal,” anunciei, levantando-me, “eu resolvo isso. Vou comprar toda a carne que precisamos, agora mesmo.”
Saí como um herói (ou vilão, dependendo de quem você perguntasse) e voltei uma hora depois com três diferentes tipos de carne de um restaurante caro que aceitava fazer ceia de Natal para viagem em cima da hora – por um preço premium, claro.
No final da noite, com todos satisfeitos e levemente embriagados, até minha mãe teve que admitir: “Não aprovo como você conseguiu o dinheiro, mas salvou nosso Natal.”
Tio Geraldo, visivelmente mais relaxado após várias taças de vinho, puxou-me de lado e sussurrou: “Me manda o link desse site aí depois.”
Após seis meses como um usuário regular do Bet69, compilei algumas lições que aprendi – algumas delas da maneira mais constrangedora possível:
Não, tia Marta, o Bet69 opera legalmente. A plataforma possui licenças internacionais e segue as regulamentações necessárias. Apostas online existem em uma área cinzenta da legislação brasileira, mas não são ilegais para os jogadores. E não, não vou ser preso, então pode parar de acender velas para Santo Expedito por mim.
É sim, pai. O Bet69 utiliza criptografia de ponta (não, não vou explicar o que isso significa novamente) para proteger dados financeiros. Em seis meses usando o site, nunca tive problemas com vazamento de dados ou cobranças indevidas. É mais seguro que aquela vez que você deu seu cartão para o garçom e ele sumiu por 20 minutos no restaurante.
Como todo apostador honesto, tenho dias bons e ruins. Já tive uma semana em que perdi R$280 consecutivamente, o que foi doloroso. Também tive dias em que ganhei mais de R$2.000 em uma única sessão. No balanço geral destes seis meses, estou positivo em aproximadamente R$12.700. Usei esse dinheiro para ajudar o Lucas (R$4.700), comprar a carne do Natal (R$1.200), um presente decente para Débora no aniversário dela de namoro (finalmente o Kindle, R$520), e o restante está aplicado na poupança para emergências – não, mãe, não está escondido dentro do urso de pelúcia como você faz, está num banco de verdade.
Sim, e é por isso que estabeleci regras rígidas desde o início. Nunca jogo por mais de uma hora por dia, nunca depois da meia-noite (para não afetar meu sono), nunca sob efeito de álcool (aprendi isso após uma noite com caipirinha que resultou em apostas… criativas), e nunca tentando “recuperar” perdas. Como você mesma viu, quando atinjo meu limite diário ou semanal, fecho a plataforma independentemente do resultado. Também tiro “férias” regulares – a cada dois meses, fico uma semana sem acessar o site de forma alguma, para garantir que mantenho um relacionamento saudável com as apostas.
Tio Geraldo, com todo respeito e carinho, não. O senhor já perdeu uma padaria inteira em apostas nos anos 90. O Bet69 é muito mais acessível e tentador que corridas de cavalos. Além disso, a tia Cida me mataria, e sinceramente, tenho mais medo dela que de qualquer azarado em jogos que já conheci. Se quiser uma dica de investimento, aquela poupança que o gerente do banco recomendou parece muito mais adequada para o senhor. Ou, se realmente quiser emoção, que tal aquele curso de dança de salão que a tia Cida vem sugerindo há anos?